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Foto e biografia: Wikipedia

 

ULYSSES GUIMARÃES

( Brasil – São Paulo )

 

( 1916 – 1992 )

Ulysses nasceu na vila de Itaqueri da Serra, atual distrito do município de Itirapina, que à época era parte do município de Rio Claro no interior do estado de São Paulo.

Ulysses Silveira Guimarães foi eleito deputado estadual em 1947 e 11 vezes deputado federal por São Paulo (de 1951 a 1995); exerceu a presidência da Câmara dos Deputados em três períodos (1956-1957; 1985-1986 e 1987-1988); e também a Assembleia Nacional Constituinte, em 1987 e 1988.

Ficou conhecido como o "Senhor Diretas", por ter liderado campanhas pela redemocratização, em 1983 e 1984. Morreu em um acidente de helicóptero no litoral do Rio de Janeiro, dia 12 de outubro de 1992. Seu corpo nunca foi encontrado.

 

 

REVISTA DE POESIA E CRÍTCA   ANO XVII  No. 17   - Conselho Diretor: Afranio Zuccolotto, Cyro Pimentel, Geraldo Vidigal, Domingos Caravalaho da Silva e Waldemar Lopes..  Brasília – São Paulo – Olinda -  SETEMBRO – 1993.           Ex. doado pelo livreiro Brito – DF

 

 

DEVE HAVER UM CÉU PAA OS QUE SOFREM

A manhã grudou a cara rosa
na ponta dos arranha-céus.

Os trabalhadores esperando pelo bonde
lembravam
bois que vão para o matadouro,
coelhinhos de laboratório,
peixes na ceva,
prostitutas apunhaladas pelo sexo.

Pareciam fincados à terra
pelas raízes musculosas da dependência.

O relógio da Praça
era o guarda-civil de bigodes pretos,
dando ordens de apressar, apressar,
para não serem atropelados
pela cólera cronométrica do patrão.

Para os trabalhadores não há
essas belezas ginasiais
de nascer-do-sol,
arrebóis,
pérolas de orvalho
e cantos de pássaros.

Para os trabalhadores
o amanhecer é o começo da tragédia diária.

Fazia frio,
mas eles já deviam estar acostumados;
aquelas costa encurvada talvez doessem,
mas eles já deviam estar acostumados;
aquelas roupas remendadas talvez humilhassem,
mas já deviam estar acostumados.

No oceano procelosos
das revoltas que por vezes lhes estouram no peito,
o barco burguês de submissão à ordem de coisas
é salvo pela âncora da Fatalidade...

A sorte adversa
só tem a justificativa de ser Destino...

Como corpos de afogados
em seus olhos metálicos
boiavam as mil formas da necessidade.

Suas carnes experimentaram
a verdade das palavras
automatizadas pela oração:
"Guiai-nos neste vale de lágrimas"...

Somente seus ouvidos
entendiam os jactos de fadiga
esguichados pelo apito fino se histérico das fábricas.

Os trabalhadores são obrigados a crer que há um Céu.

É impossível a inutilidade do sofrimento,
em que se purifiquem  par uma imortalidade,
só conhecedora de domingos e feriados.

Um dia a morte baterá as asas da libertação...

***

Com a alegria da festa
a murchar na hasta negra do esmoque,
o moço dizia ao companheiro:

Se a fogueira incendiar as Américas
a juventude irá morrer nas trincheiras...

Os chamados soldados do progresso e do futuro
são incansáveis perdedores de batalhas,
morrendo um pouco a cada hora
sem ordens-do-dia nem medalhas,
nos chamados templos da civilização e do futuro.

(Transcrito de Arcadia – Revista da Academia de Letras
da Faculdade de Direito de São Paulo, no. 17- 18,
agosto-setembro de 1940, pp. 28-29).



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Página publicada em março de 2023


 

 

 
 
 
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